Colóquio Walter Benjamin e a Tradução
Data da publicação: 25 de setembro de 2017 Categoria: NotíciasDe terça a quinta-feira, 3 a 5 de outubro de 2017, das 19h às 21h
Concepção e coordenação: Robert de Br0se e Simone Homem de Mello
Mesas-redondas em diálogo por videoconferência, com Ana Helena Rossi, Georg Otte e Susanna Kampff Lages (em São Paulo), e Gabriela Reinaldo, Robert de Brose e Walter Costa (em Fortaleza).
Inscrições: enviar um e-mail para poet@ufc.br com o assunto “Colóquio Benjamin: inscrição”, contendo, no corpo do email os seguintes dados: Nome, RG, Instituição e Curso.
Uma cooperação do Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida com a Pós-Graduação em Estudos da Tradução (POET) da Universidade Federal do Ceará (UFC), com apoio da Universidade de Brasília.
Locais:
Em São Paulo:
Anexo da Casa Guilherme de Almeida
Em Fortaleza:
Casa de Cultura Alemã – Sala Interarte
Universidade Federal do Ceará
Campus Benfica CH1
Avenida da Universidade, 2683
Sobre o Colóquio:
A contribuição do filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940) para a reflexão sobre tradução literária, derivada da introdução que ele escreveu para suas traduções de Charles Baudelaire, intitulada “A tarefa do tradutor”, é especialmente marcante no Brasil, inclusive como referência central para a teoria da transcriação de Haroldo de Campos. Especialistas na obra de Benjamin abordarão sua concepção de linguagem expressa nesse texto-chave sobre tradução, a diferença de sua recepção na Alemanha e no Brasil no âmbito dos Estudos da Tradução, além da proficuidade de seu pensamento para se refletir sobre tradução literária hoje.
PROGRAMAÇÃO:
Terça-feira, 3 de outubro de 2017, das 19h às 21h
Mesa-redonda com Ana Helena Rossi e Gabriela Reinaldo
Walter Benjamin e sua recepção no Brasil: em busca de uma epistemologia acerca da tradução literária
Por Ana Helena Rossi
Com apoio da Universidade de Brasília
O objetivo da comunicação é discutir, desde a ótica deste campo conceitual intitulado ESTUDOS DA TRADUÇÃO, no Brasil, alguns dos conceitos utilizados por Walter Benjamin a partir do texto intitulado “A Tarefa do Tradutor”, texto esse que aponta para uma epistemologia sobre a tradução, que inclui o conceito de ‘transcriação’ na tradução literária. Trata-se de um pensar reflexivo, que, dentro da perspectiva de Antoine Berman, aponta para a tradução como central na construção do conhecimento.
Walter Benjamin e o pensamento sobre tradução
Por Gabriela Reinaldo
Aby Warburg (1866-1929) e Walter Benjamin (1892-1940), além judeus e intelectuais nascidos na Alemanha da segunda metade do século XIX, também partilham da ideia de suspensão do movimento do curso linear da História e têm uma visão crítica e estética das técnicas. Para ambos, razão, imaginação e memória são temas entrelaçados. Ligados a universos relativamente distintos, nunca chegaram a se encontrar, a despeito das tentativas de Walter Benjamin. Dentre as correspondências entre seus pensamentos, me detenho, nesta fala, a dois projetos inacabados – o Atlas Mnemosyne, de Aby Warburg, e Passagens, de Walter Benjamin – com o intuito de refletir sobre o legado desses autores para os estudos de tradução.
Quarta-feira, 4 de outubro de 2017, das 19h às 21h
Mesa-redonda com Georg Otte e Robert de Brose
A tarefa do tradutor segundo Walter Benjamin
Por Georg Otte
As ideias que Walter Benjamin apresenta em “A tarefa do tradutor” divergem bastante daquilo que normalmente se entende como tarefa desse ofício: segundo Benjamin, a tradução não se dirige ao leitor, não serve de intermediadora entre ele e o original e nem é um simples derivado do original, mas o transcende no sentido de acrescentar algo a ele, de complementá-lo e de garantir, dessa maneira, sua sobrevivência.
Benjamin e a superação do paradoxo tradutório
Por Robert de Bröse
Com “A Tarefa do Tradutor” (1923), Walter Benjamin encerra uma longa tradição crítica que via na tradução de textos poéticos uma deficiência intrínseca: a insuperável impossibilidade de preservar a conjunção da forma estética e do sentido do original no texto de chegada. Essa superação reconfigura o status precário que a tradução tivera até então, transformando-a, de um problema, em uma solução. O sentido de um texto, não apreensível por inteiro sequer no original, só se completaria, segundo Benjamin, na soma infinita de suas traduções. O palestrante explorará essa ideia por meio do uso de uma metáfora matemática que se utiliza do conceito de “transformada de Fourier”, uma função que decompõe um sinal inicial em todas as suas sub-frequências. Com isso se pretende esclarecer a ideia por trás do conceito do destino messiânico do original em seu inexorável movimento em direção à “pura língua” como vislumbrados por Benjamin.
Quinta-feira, 5 de outubro de 2017, das 19h às 21h
Mesa-redonda com Susana Kampff Lages e Walter Costa
Haroldo de Campos, leitor de Walter Benjamin no Brasil
Por Susana Kampff Lages
É fato notório que os textos de Walter Benjamin fornecem a constelação conceitual a partir da qual Haroldo de Campos constrói seu pensamento teórico sobre a literatura e a tradução. Em nossa reflexão, pretendemos examinar a singularidade da leitura haroldiana do famoso prefácio de Walter Benjamin a suas próprias traduções de Baudelaire, tomando como ponto de partida o texto de Haroldo de Campos intitulado “Para além do princípio da saudade”, um artigo de jornal em que o poeta ensaia uma interpretação atualizadora das ideias de Benjamin sobre a tradução assim como enunciadas no famoso prefácio e em correlação com outros textos e ideias benjaminianos.
Walter Benjamin brasileiro
Por Walter Costa
A importação e a assimilação de ideias no Brasil via tradução costumam apresentar traços singulares. O caso de Walter Benjamin parece especialmente singular. O Brasil é um dos países em que Benjamin é traduzido com mais frequência, com uma variedade de enfoques e é utilizado em um amplo espectro de disciplinas e setores. Também é o país onde alguns textos benjaminianos recebem mais atenção que em outras partes, como acontece com o prefácio à sua tradução de Tableaux parisiens, de Charles Baudelaire, publicado em 1923 e que se transformou em um clássico da teoria da tradução. A presente comunicação examina brevemente o histórico das traduções brasileiras da obra de Walter Benjamin e se detém nas diferentes traduções de “Die Aufgabe des Übersetzers”, destacando certas opções conceituais e discursivas em contraste com opções similares de traduções para outras línguas como o francês, o inglês e o italiano.
Sobre os palestrantes:
Ana Helena Rossi é professora no Departamento de Línguas Estrangeiras (LET) e Tradução do Instituto de Letras, na Universidade de Brasília (UnB). Doutora pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris (1999). Atua na Graduação do Curso de Letras-Tradução da UnB, assim como no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (POSTRAD), e no Programa de Pós-Graduação em Literatura (POSLIT). É fundadora e editora-chefe da revista caleidoscópio: linguagem e tradução (http://periodicos.unb.br/index.php/caleidoscopio), que edita com o grupo de pesquisa Walter Benjamin: Tradução, Linguagem e Experiência, sob sua direção.
Gabriela Frota Reinaldo é doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Bolsista Fapesp 1998 – 2002), Gabriela Reinaldo é professora do Instituto de Cultura e Arte, o ICA, da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde é professora na graduação e no mestrado em Comunicação e coordena o Imago – laboratório de estudos de estética e imagem (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/3220389528083591), que abriga, entre outros projetos de pesquisa, os projetos “Tradução Intersemiótica: a relação palavra e imagem” e “As faces do rosto”. Realizou doutorado sanduíche na Université Paris X (1998) e estágio posdoutoral no Departamento de História da Arte da Universidade de Cambridge – UK, onde investigou as representações do Brasil feitas pelos artistas cientistas do século XIX, especialmente C.F.P von Martius (projeto intitulado “O olhar naturalista e o seu legado para a ciência e para a ficção”, Estágio Sênior no exterior, Bolsa Capes – agosto de 2013 a agosto de 2014). Neste período, também pesquisou e participou de eventos no The Warburg Institute, ligado à Universidade de Londres. Tem experiência na área de Semiótica, com ênfase em Comunicação Social e Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: Semiótica peirceana, Semiótica da Cultura, Mito, Tradução Intersemiótica e entre culturas, Literatura, Vilém Flusser e João Guimarães Rosa.
Georg Otte é professor titular na Faculdade de Letras da UFMG. Fez doutorado sobre a questão do tempo e do espaço em Walter Benjamin e pós-doutorado na Universidade Humboldt, em Berlim, assim como no Centro de Pesquisas Literárias e Culturais da mesma cidade. Publicou vários artigos sobre Walter Benjamin e dirige os grupos de pesquisa Núcleo Walter Benjamin, bem como Mito e Modernidade
Robert de Bröse é professor Adjunto de Letras Clássicas da Universidade Federal do Ceará, bacharel em Língua e Literatura Grega, mestre e doutor com “Distinção e Louvor” em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo. É membro permanente do Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução (POET) da Universidade Federal do Ceará e líder do Grupo de Pesquisa no CNPq “Tradução e Recepção dos Clássicos”. Atualmente dedica-se à tradução da obra completa de Píndaro com o auxílio financeiro do Edital Universal do CNPq.
Simone Homem de Mello é autora e tradutora literária. Sua poesia está publicada nos livros Périplos (2005), Extravio marinho (2010) e Terminal, à escrita (2015) e em antologias brasileiras e estrangeiras. Escreveu os libretos das óperas Orpheus Kristall (composição de Manfred Stahnke, Munique, 2002), Keine Stille auβer der des Windes (composição de Sidney Corbett, Bremen, 2007) e UBU – Eine musikalische Groteske (composição de Sidney Corbett, Gelsenkirchen, 2012). Como tradutora, dedica-se à poesia moderna e contemporânea de língua alemã. Desde 2011, trabalha como coordenadora do Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida.
Susana Kampff Lages é doutora pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professora de Língua e Literatura Alemã no Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense desde 2005, tendo atuado, de 1989 a 2005, no Centro de Ensino de Línguas da Unicamp. É autora dos livros João Guimarães Rosa e a saudade e Walter Benjamin: tradução e melancolia, livro agraciado com o Prêmio Jabuti na categoria Crítica literária em 2003. Em 2011 publicou uma série de traduções de ensaios de Walter Benjamin no volume Escritos sobre mito e linguagem. Atualmente, prepara tradução dos diários de viagem de Franz Kafka, a partir da qual busca investigar as conexões entre literatura, subjetividade e tradução e detectar as mediações e trânsitos que nelas se estabelecem.
Walter Costa estudou filologia românica na Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica, tem doutorado sobre as traduções de Borges para o inglês pela University of Birmingham, Reino Unido, e pós-doutorado pela UFMG. É professor do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina, pesquisando Literatura Hispano-americana (sobretudo a obra de Jorge Luis Borges), Literatura Comparada, Estudos da Tradução (especialmente a conexão entre literatura traduzida e literatura nacional) e literatura fantástica francesa. Foi presidente da ABRAPT (Associação Brasileira de Pesquisadores em Tradução) na gestão 2010-2013. Atualmente está em colaboração técnica no Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal do Ceará.Com Pablo Cardellino traduziu As Hortênsias, de Felisberto Hernández (2012) e Torquator, de Henry Trujillo (2012); e com Pedro Heliodoro Tavares e Marcelo Bueno de Paula organizou Tradução e psicanálise (2013).