Projetos e Grupos de Pesquisa
Tradução Intersemiótica: palavra e imagem
Resumo
Historicamente, a relação palavra e imagem é de contaminações mútuas, de alternância no poder e de interditos. Na antiguidade grega, muitos são os deuses e deusas que enfeitavam a cidade e os seus templos e, no cristianismo primitivo, costumava-se representar o Nazareno com a imagem de um peixe, além de estátuas e desenhos de santos e anjos existentes nos lugares de oração e de sepultamento. Mas se em palavra cabe tudo e seu contrário, verbo e substantivo, verdade ou instrumento de manipulação, unidade autônoma dotada de sentido próprio ou elemento significante dependente do contexto, a imagem não deixa o terreno das representações menos confuso. São imagens os retratos, os reflexos nos espelhos, os diagramas, as sombras, as figuras, as manchas, as ilusões de ótica, os hologramas, sem falar no que atualmente se chama de imagem acústica, olfativa ou tátil (Santaella, 1993) ou dos estudos de Antropologia da Imagem que se debruçam sobre as imagens mentais ou endógenas (Belting, 2007; Belting, 1994) que seriam aquelas produzidas involuntariamente, as imagens oníricas. Sua etimologia resguarda parentescos com a morte (Baitello, 2005; Kamper, 1995; Belting, 2007): imago é a máscara mortuária, retrato do morto. Surgidas inicialmente nas paredes das cavernas, a ancestralidade das imagens preserva marcas que as associam aos cultos e à magia.
Compreender os domínios da palavra (que é imagem) e da imagem (que é palavra) é participar de um universo que se apresenta em objetos tão diferentes quanto a poesia visual, as histórias em quadrinhos, as capas de CD e de livros, os cartazes publicitários, as histórias infantis, os mapas, as obras de artes plásticas, entre outros.
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